Um poema cai na terra

Renata Froan, João Vilnei, José Cândido

"Um poema cai na terra" é um videopoema de duração de 41 minutos, composto como uma gravação de tela em que se assiste a todo o processo de criação de um poema homônimo, escrito por Renata Froan na ferramenta Google Docs. A obra em vídeo permite que o leitor testemunhe o poema como um processo que se desenrola diante de seus olhos, durante os gestos de escrita e apagamento realizados pela poeta em sua atividade criadora. Além disso, o leitor pode ver, de um ponto de vista semelhante ao da escritora diante da tela, os processos de navegação na interface do Google Docs, formatando o texto, dando zooms na tela, clicando em menus, rolando a barra lateral etc., o que acaba por compor uma performance em que a presença da artista é sugerida pelo cursor.

A camada verbal do poema tematiza questões referentes à poesia, à hesitação no processo de criação e a um texto que se faz como eternos recomeços. Sua diagramação na página é informada por escolhas de fonte, tamanho, centralização, margem etc. que acrescentam novos sentidos ao texto, junto com as imagens inseridas no arquivo em determinada altura do vídeo. Ao final da obra, os espectadores-leitores veem na tela o link de acesso ao documento original em que o poema foi escrito, como se estivessem sendo convidados pela autora a seguirem com a escrita. “Um poema cai na terra” é parte da pesquisa de mestrado de Renata Froan, com orientação do Prof. Dr. João Vilnei, no Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal do Ceará. A obra conta ainda com a autoria de José Cândido e tem como referência a obra “Caro Reni, ... ou de como e porque Tutunho (se) escreve”, do artista Wellington de Oliveira Junior (Tutunho).


Renata Froan é artista visual, escritora, educadora, produtora cultural e jornalista. Nasceu em Natal/RN e se criou em Fortaleza/CE, onde reside. É mestre em Artes pela Universidade Federal do Ceará (PPGARTES-UFC). Tem licenciatura em Artes Visuais (IFCE), graduação em Comunicação Social - Jornalismo (UNIFOR) e pós-graduação em Teoria Psicanalítica (UNIFOR). Trabalha com desenho, pintura, fotografia, artes têxteis, vídeo, projeção, instalação e arte urbana. Seus processos circulam em torno do desenho e da escrita, tendo o inacabamento enquanto estética e o rascunho enquanto poética. Atualmente, sua pesquisa se volta para os processos de criação, com ênfase na relação entre artes visuais e literatura, a partir dos cadernos de artista.

João Vilnei é artista, doutor em Arte e Design pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, com apoio por financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia FCT / POPH / FSE. Mestre em Criação Artística Contemporânea pela Universidade de Aveiro e bacharel em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda pela UFC. Professor adjunto do curso de Design Digital e permanente do Programa de Pós-Graduação em Artes, ambos da UFC. Integra o Laboratório de Investigação em Corpo, Comunicação e Arte – LICCA / UFC, registrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, e o Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade – i2ADS / FBAUP. Participou do “Projeto Balbucio” durante toda a sua existência (2003-2011). Teve trabalhos expostos em cidades como Berlim-ALE, Torres Vedras-PT, Flórida-EUA, Penafiel-PT e Lousã-PT.

José Cândido é um nerd e fã de jogos de tabuleiro, que atua na área de tecnologia desde 2007, com sólida experiência em desenvolvimento de sistemas e soluções criativas. Além de sua trajetória profissional, dedicou-se intensamente ao coletivo artístico Balbucio, onde colaborou como performer, assistente de produção, fotógrafo e desenvolvedor. Entre os projetos de destaque estão "Boca a Boca", a exposição DeVerCidade e a Bienal de Dança do Ceará. Sua contribuição se estendeu à mostra "Balbucio de Tecnologias Ordinárias", realizada no Centro Cultural Banco do Nordeste. Com uma visão que combina conhecimento técnico e sensibilidade artística, ele transforma tecnologia em uma poderosa ferramenta para promover conexões artísticas.